Menopausa e propedeutica

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Menopausa significa a data da última menstruação de uma mulher, após um ano de amenorreia, realizado retrospectivamente e é o marco da transição entre a fase reprodutiva e não reprodutiva de uma mulher. Em média ocorre aos 51 anos, mas pode ocorrer, na maioria dos casos, entre 45 e 55 anos e, nessa faixa etária, pode haver um conjunto de sinais e sintomas, causados por fatores endócrinos e psicossociais, denominado de síndromes do climatério. Na transição para esse período, é de suma importância a prevenção de doenças, pois, devido ao hipoestrogenismo, há uma maior prevalência de síndrome metabólica e doenças cardiovasculares.

A transição climatérica pode também se apresentar como ciclos menstruais mais curtos e irregulares, pois, a diminuição da produção ovariana de inibina B pode aumentar FSH por feedback e de estradiol encurtando a fase folicular. Além disso, há uma piora na qualidade da progesterona secretada na fase lútea, pois o corpo lúteo tem uma piora em sua qualidade. Com a depleção folicular, os ciclos, de curtos, passam a ser mais esparsos até completar 12 meses sem menstruar.

O hipoestrogenismo é causado pela falência ovariana progressiva que possui como consequência a parada do ciclo menstrual. Em decorrência disso, a paciente pode apresentar como sintoma principal as ondas de calor ou fogachos, que são sensações súbitas de calor na região central do corpo. Cerca de 80% das mulheres apresentam os sintomas vasomotores, mas apenas 30% procuram tratamento.

Na menopausa, os distúrbios do sono são comuns, mas podem piorar devido aos fogachos pois são mais comuns à noite. A dificuldade de sono reparador é de até 40%. Além disso, outros fatores associados podem contribuir, como alteração de humor, depressão e ansiedade que são comuns no climatério.

Para essas pacientes, é de suma importância a investigação da síndrome geniturinária da menopausa, a fim de melhorar a qualidade de vida. Nos casos em que a paciente apresenta muitos sintomas, mas ainda não completou 1 ano de amenorreia, pode-se dosar hormônio folículo estimulante (FSH) e repeti-lo em 4 a 6 semanas. A dosagem de FSH acima de 25 mUi/ml, repetido e confirmado, pode indicar o início da transição menopausal, mas não é rotineiramente recomendado devido sua variação. Geralmente, a síndrome geniturinária da pós-menopausa é decorrente de atrofia de lábios vaginais, vagina, clitoris, uretra e até bexiga. Frequentemente, ocorre anos após a última menstruação.

Nessa fase, mas já iniciada aos 40 anos, devem ser rastreadas doenças que aumentam a sua prevalência, como o câncer de mama, uma vez que é a segunda neoplasia mais frequente em mulheres brasileiras. Recomenda-se, portanto, o rastreio habitual em pacientes acima de 40 anos com mamografia e, caso sejam normais, repeti-las anualmente. Apenas encerra a propedêutica complementar das mamas, caso a paciente possua expectativa de vida menor que 7 anos ou se a paciente não tiver condições clínicas para diagnóstico e tratamento.

Já o rastreio de câncer de colo de útero deve ser realizado desde os 25 anos em mulheres com vida sexual ativa, porém, é recomendado o seguimento até a paciente completar 64 anos. Ao completar 64 anos, não se recomenda mais o rastreio, caso os dois exames mais recentes tenham sido negativos nos últimos 5 anos. Caso a paciente tenha sido submetida à histerectomia por doença benigna e não possua antecedente de lesão precursora, também não necessitam do rastreio, mas, de qualquer forma, não exclui a necessidade de realização de exame físico periódico.

Não há descrito, por ora, a rastreabilidade de neoplasia de ovário e endométrio. Assim, a ultrassonografia pélvica e transvaginal em pacientes com risco habitual não possui bom custo efetivo. Indicada para pacientes com sangramento uterino anormal, sangramento pós-menopausa e até mesmo desconforto ou dor abdominal.

O rastreio do câncer colorretal, por ser a terceira neoplasia mais frequente nas brasileiras, deve ser ativamente pesquisado em pacientes acima de 50 anos. A recomendação do Ministério Brasileiro é que as pacientes dessa faixa etária – e que possuam risco habitual - realizem pesquisa de sangue oculto nas fezes de forma anual ou colonoscopia. A colonoscopia não possui periodicidade estabelecida ainda.

Após a menopausa, há um aumento de eventos cardiovasculares, assim, o rastreio de doenças cardiovasculares como hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, dislipidemia deve ser realizado ativamente. Além disso, devido às alterações hormonais, há uma alteração da distribuição da gordura corporal, aumentando a gordura central, sendo fator de risco para doenças cardiovasculares.

Avaliar transtornos de humor e depressivos, comuns em pacientes na transição menopausal, mesmo em pacientes que não possuam histórico pessoal.

A densitometria óssea é indicada nas mulheres acima de 65 anos devido à perda de massa óssea que ocorre nessa fase ou, se fatores de risco para fratura, em pacientes mais novas. A osteoporose é uma doença silenciosa, mas com grande impacto, a longo prazo, na qualidade de vida das mulheres.

Exames complementares laboratoriais, como hormônio de tireoide e IST, devem ser solicitados, principalmente em pacientes com queixas ou idade maior de 60 anos. A disfunção tireoidiana pode ser semelhante ao quadro de hipoestrogenismo devendo ser avaliada.

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