Interpretação dos testes sorológicos para sífilis.

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A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível que teve aumento significativo no Brasil nos últimos 10 anos. É causada pela bactéria espiroqueta Treponema pallidum e a maioria dos casos são assintomáticos. Dessa forma, o diagnóstico acaba sendo majoritariamente laboratorial.

Os testes sorológicos para sífilis são classificados em treponêmicos e não treponêmicos. Os testes treponêmicos identificam anticorpos diretamente contra o Treponema pallidum. Já os não treponêmicos são testes indiretos. Os principais testes treponêmicos são:

  • Teste rápido
  • FTA-abs
  • TPHA (hemaglutinação)

Já os principais não treponêmicos são:

  • VDRL
  • RPR
  • USR
  • TRUST

Para a correta decisão em relação ao tratamento, a melhor conduta é a combinação de ambos os testes. Analisando as quatro possibilidades:

- Teste treponêmico e não treponêmico negativos: ausência de doença. Todavia, em casos de contaminação muito recente podemos ter negatividade de ambos os testes. Esse é o conceito de janela imunológica.

- Teste treponêmico e não treponêmico positivos: infecção por sífilis.

Entretanto, é importante frisar que o teste treponêmico fica positivo para o resto da vida em até 85% dos pacientes já tratados para sífilis. O teste que costuma cair é o não treponêmico. Todavia, alguns pacientes adequadamente tratados para sífilis podem apresentar VDRL positivo em títulos baixos, fenômeno conhecido por cicatriz sorológica.

- Teste treponêmico positivo e não treponêmico negativo: cenário que indica doença tratada. O teste treponêmico ficará positivo e o não treponêmico tende a cair e negativar. Em raros casos, pode ser doença inicial (o teste treponêmico tende a positivar ligeiramente antes do não treponêmico). Na prática, este último cenário é incomum. A maioria dos casos corresponde à doença tratada.

- Teste treponêmico negativo e não treponêmico positivo: como o teste não treponêmico não é específico para o Treponema pallidum, pode ter falsos positivos. Eles podem ocorrer em caso de doenças reumatológicas, como síndrome do anticorpo antifosfolípide, artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico. Também podem ocorrer na fase aguda de algumas viroses, na hanseníase e no próprio estado gravídico. Este quarto cenário sorológico corresponde aos falsos positivos do VDRL.

Tendo em vista a epidemia de sífilis no Brasil, o Ministério da Saúde recomenda que sejam tratados todos os pacientes com apenas um dos dois testes positivos se:

  • Gestante
  • Sem história de tratamento prévio
  • Sinais/sintomas de sífilis
  • Vítima de violência sexual
  • Paciente com baixa adesão ao serviço de saúde

Nos demais cenários, a orientação é solicitar ambos os testes para avaliação precisa e adequada de quais pacientes terão necessidade de tratamento.

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/aids/pt-br/central-de-conteudo/pcdts/2022/ist/pcdt-ist-2022_isbn-1.pdf/view. Acesso em: 21 set. 2023.