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Imuno-histoquímica e tipos moleculares de câncer de mama
Escrito por
Jader Burtet
Publicado em
2/10/2023
Um dos principais fatores prognósticos e preditivos no câncer de mama é o subtipo molecular. Na prática, costuma ser identificado através do exame imuno-histoquímico. As variáveis que são analisadas no exame imuno-histoquímico são a presença ou ausência dos receptores hormonais para estrogênio (RE) e progesterona (RP). A maioria dos cânceres de mama apresentam esses anticorpos positivos e são chamados de luminais. Outra variável que costuma ser analisada é o índice mitótico do tumor, o Ki67. Tumores com expressão do Ki67 igual ou superior a 14% apontam alto índice de proliferação.
O último parâmetro avaliado é o HER-2, uma proteína de membrana análoga da tirosinoquinase, que também guarda relação com a proliferação tumoral. O resultado é expresso em cruzes: ausente, uma, duas ou três cruzes. Uma cruz é considerada que o HER-2 é ausente e três cruzes, presente. Quando o resultado é duas cruzes, recomenda-se um teste adicional de amplificação do HER-2. Os mais conhecidos são o FISH (hibridização in situ por fluorescência) e o CISH (hibridização in situ por cromogenética). Os resultados podem evidenciar HER-2 positivo ou negativo.
De acordo com os parâmetros imuno-histoquímicos combinados, pode-se identificar os tipos moleculares de câncer de mama:
- RE + RP + Ki67 menor que 14% HER-2- = subtipo luminal A
- RE + RP + Ki67 maior que 14% HER-2- = subtipo luminal B
- RE - RP - Ki67 indiferente HER-2+ = subtipo HER-2
- RE + RP + Ki67 indiferente HER-2+ = subtipo luminal HER-2
- RE - RP - Ki67 indiferente HER-2-= subtipo triplo negativo (basaloide)
O perfil imuno-histoquímico e molecular é fundamental para a definição da conduta. Pacientes com tumores luminais têm indicação de bloqueio hormonal, que pode ser realizado com tamoxifeno ou inibidores de aromatase. Pacientes que expressam o HER-2 têm indicação de imunoterapia com trastuzumabe. As pacientes com tumores triplo negativos são as que não têm terapia alvo indicada. Entretanto, são pacientes que costumam ter boa resposta à quimioterapia.
Fonte: FERNANDES, Cesar; SA, Marcos (ed.) Tratado de Ginecologia da FEBRASGO. Rio de Janeiro: GEN; Guanabara Koogan, 2018.