Fimose: operar ou não?

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A fimose é uma alteração comum na prática pediátrica. Ela é definida pela presença de um estreitamento prepucial distal, que pode ou não estar associado a aderências, que dificultam ou impedem a retração do prepúcio e exposição da glande.

Grande parte dos bebês do sexo masculino nascem com fimose e, comumente, a mesma tem resolução espontânea até os 3 anos de idade em cerca de 90% dos casos. O diagnóstico da fimose é clínico, através do exame físico, onde o médico faz a retração do prepúcio e clássico da seguinte forma, segundo a classificação de Kayaba:

Tipo I - nenhuma retração do prepúcio

Tipo II - exposição somente do meato uretral

Tipo III - exposição da metade da glande

Tipo IV - exposição quase completa da glande com sulco coronal recoberto pela direção prepucial

Tipo V - fácil exposição da glande por completo

Apesar das controvérsias na literatura, a conduta nos casos de fimose é na maioria dos casos conservadora já que é esperada sua resolução de forma espontânea. A orientação é higiene local adequada com retração leve do prepúcio e evitar as manobras de “exercícios ou massagens”, pois as testas podem levar a pequenos traumas locais e acarretar a uma fimose patológica secundária. Caso a fimose demore a melhorar espontaneamente ou haja algum tipo de retenção do jato urinário e não exista cicatriz no prepúcio, pode-se optar pelo tratamento tópico com corticosteroides como a dexametasona ou betametasona, preferencialmente à noite, por 6 a 8 semanas.

A indicação de correção sanitária é indicada nos seguintes casos:

  • fimose patológica
  • Meninos maiores com fimose regulatória que não melhorou com o tratamento tópico
  • Crianças com quadros de infecção do trato urinário (ITU) recorrentes ou nos casos em que haja predisposição, como a presença de uropatias obstrutivas e refluxo vesicoureteral
  • História da balanopostite
  • História de parafimose
  • Adolescentes com dificuldade e/ou dor nas ereções ao se retirar o prepúcio

A circuncisão neonatal de rotina não tem indicação médica, embora seja culturalmente recomendada em alguns países ou por conduta religiosa.