Bronquiolite viral aguda, afinal, qual o tratamento?

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A bronquiolite é uma doença inflamatória das vias aéreas inferiores, de etiologia infecciosa, cujo principal agente etiológico é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Acomete especialmente os lactentes, com maior incidência nos meses de outono e inverno, porém, principalmente após a pandemia pelo COVID-19, ocorre em quase todos os meses do ano.

O quadro clínico clássico se inicia com uma infecção de vias aéreas superiores, um resfriado comum, que a partir do segundo ao terceiro dia evolui com desconforto respiratório, tosse paroxística, taquipneia, sibilos difusos principalmente na expiração, mais raramente estertores subcrepitantes e pode evoluir com retrações intercostais, subcostais, retração de fúrcula e batimento de asa de nariz.

A grande polêmica da bronquiolite não é o seu diagnóstico, já que ele é baseado nesse quadro clínico clássico e pode ser confirmado pela pesquisa do painel viral, mas sim o tratamento preconizado, que acaba sendo muito diferente do que é feito na prática.

Em primeiro lugar, na maior parte dos casos, a bronquiolite tem uma evolução benigna e autolimitada, sem necessidade de intervenção, sendo somente necessárias as medidas gerais, como a hidratação, preferencialmente por via oral, e a aspiração de vias aéreas, se necessário. A oxigenioterapia está indicada quando o paciente tem indicação de internação e apresenta desconforto respiratório e visa manter a saturação de oxigênio maior do que 90%.

Agora a polêmica vem na hora do tratamento medicamentoso já que não há medicamentos para bronquiolite! O corticoide não deve ser utilizado em casos de bronquiolite, pois não foram vistos benefícios do uso de medicações e prevalece apenas seus efeitos colaterais. O uso de beta-2-agonistas de curta ação, não está indicado de forma rotineira, embora haja algumas recomendações, ainda com evidências fracas, de que pode ser realizada uma prova terapêutica com eles. O mesmo para inalação com solução salina hipertônica, recomendações fracas e divergentes. No mais, conforme orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria, não se recomenda fisioterapia respiratória, inalação com adrenalina, antivirais e/ou antimicrobianos – eu sei que no final desse texto você pode ficar angustiado, mas isto é o que preconizado oficialmente, ok?

Referência Bibliográfica: BRASIL. Tratado de pediatria. Organização Sociedade Brasileira de Pediatria - 5 ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2022.