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Abordagem clínica da Hiperprolactinemia
Escrito por
Jader Burtet
Publicado em
19/3/2024
Uma importante causa de amenorreia secundária é o excesso da produção de prolactina. O hormônio é secretado pela hipófise anterior com o objetivo de promover a produção láctea. A sua regulação é através do efeito inibitório da dopamina. Portanto, quanto maior for a ação dopaminérgica, menor será a produção hipofisária de prolactina. Quando a prolactina é produzida em excesso, ocorre bloqueio da produção hipotalâmica de GnRH levando ao quadro de bloqueio do eixo hipotálamo-hipófise-ovário.
Os possíveis sintomas de hiperprolactinemia são amenorreia, galactorreia e diminuição de libido. Frente à suspeita clínica, a primeira medida é a dosagem da prolactina sérica. Valores superiores a 25 ng/dL são considerados anormais. Dentre as causas não fisiológicas, a principal delas é o uso de medicações, especialmente os psicofármacos.
Uma outra causa extremamente frequente de hiperprolactinemia não fisiológica é o hipotireoidismo. A redução dos hormônios da tireoide leva ao aumento do TSH com consequente aumento do TRH (hormônio liberador do TSH). Esse hormônio pode aumentar a produção hipofisária de prolactina. Por esse motivo, o TSH faz parte da avaliação inicial da paciente hiperprolactinêmica. Doenças sistêmicas como insuficiência renal e hepática também podem provocar o distúrbio.
Após a exclusão de causa medicamentosa, hipotireoidismo e de insuficiência renal ou hepática deve-se solicitar a ressonância magnética da sela túrcica com o objetivo de investigar tumores hipofisários. São tumores benignos (prolactinomas) que costumam provocar níveis altos de prolactina. Os prolactinomas são divididos em microadenomas (tumores menores de 1 cm) e macroadenomas (1 cm ou mais). São entidades clínicas distintas. Os microadenomas frequentemente são assintomáticos. Já os macroadenomas podem comprimir quiasma óptico provocando distúrbios visuais (hemianopsia bitemporal) e cefaleia. O tratamento dos adenomas hipofisários é essencialmente clínico com a prescrição de um agonista da dopamina. Os mais utilizados costumam ser a cabergolina e a bromocriptina. Na ausência de melhora com tratamento clínico, a cirurgia transfenoidal pode ser indicada como segunda opção. Nos casos refratários inclusive ao tratamento cirúrgico, a radioterapia poderá ser considerada como a terceira opção terapêutica.
Fonte:
- Fernandes CE, Silva de Sá MF, eds. Tratado de Ginecologia Febrasgo. 1ªed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2019.