Verão chegando, como prevenir afogamento das crianças?

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Daqui algumas semanas o verão chegará e com ele as férias escolares, correspondentes aos banhos de mar e piscina. Apesar de ser uma época de alegria e diversão, os pais e cuidadores devem se atentar a alguns cuidados para evitar o afogamento de suas crianças.

Por esse motivo, é essencial que os pediatras abordem esse assunto nas consultas de rotina. A seguir, comentei algumas recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

De acordo com a SBP, 480 crianças morrem diariamente em todo o mundo vítimas de afogamento, sendo a segunda causa de mortalidade no Brasil entre crianças de 5 a 14 anos. A grande questão é que cerca de 89% das mortes seriam evitáveis ​​se houvessem superado adequadamente as vítimas.

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Muitos cuidadores pensam que os afogamentos somente ocorrem em mar aberto ou piscinas profundas. Porém, esses acidentes podem ocorrer com apenas 5 a 8 cm de água por aproximadamente 30 segundos. As faixas etárias mais comparáveis ​​incluem crianças menores de 5 anos e adolescentes entre 15 a 19 anos, especialmente entre meninos. O primeiro grupo é mais vulnerável por terem cabeças proporcionalmente maiores do que o restante do seu corpo, sendo comum desequilibrarem-se para frente e não terem forças para se erguerem. Já os adolescentes muitas vezes assumem riscos maiores, são aventureiros e podem estar sob o efeito de álcool ou outras drogas.

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Outra grande questão é que as crianças podem se afogar de forma rápida e silenciosa, ficando habitualmente inconscientes após 2 minutos sem respirar e aumentando o risco de sequelas neurológicas se não forem resgatadas e atendidas.

Por tais motivos, a SPSP recomenda os seguintes cuidados a serem realizados pelos cuidadores:

  1. NÃO deixe o bebê ou criança sozinha na banheira, piscina ou qualquer reservatório de água nem por um instante. Eles devem estar a, no máximo, um braço de distância;
  2. NÃO deixe baldes, bacias ou outros recipientes com água ao alcance de crianças menores de 5 anos. Piscinas portáteis devem ser esvaziadas e desmontadas após o uso;
  3. NÃO deixe atrativos, como brinquedos, próximos ou em reservatórios ou recipientes de água;
  4. NÃO confie em boias ou outros dispositivos de flutuação que não sejam coletes salva-vidas. Os coletes salva-vidas colocam o indivíduo em uma posição onde a cabeça e o rosto ficam fora da água;
  5. NÃO deixe a criança sozinha na água mesmo que esteja com colete salva-vidas;
  6. NÃO permita que seus filhos utilizem objetos de modismo, sem que haja a certificação e confirmação de segurança: por exemplo as “caldas de sereia”, responsáveis por vários afogamentos;
  7. NÃO permita que seus filhos nadem em piscinas onde não haja proteção nos ralos quanto à sucção de cabelos, correntes, partes do corpo, como tampas abauladas específicas, sistemas de desarme de moto bomba etc.

Além disso, a SBP também sugere as seguintes medidas preventivas:

  1. Mantenha os ambientes seguros, com balde, bacias e tanques fora do alcance de crianças menores de 5 anos;
  1. Mantenha tampas de vasos sanitários sempre abaixadas, de preferência com travas específicas;
  1. Ensine seu filho a não fazer brincadeiras arriscadas na água como “dar caldo”, a não fingir afogamento e nem nadar sozinho;
  1. Instale barreiras que controlem o acesso a reservatórios, como cercas em torno de piscinas (com 1,5 m de altura e 12 cm de distância entre as grades), com portão que possa ser fechado com chave ou cadeado;
  1. Prefira escolas e creches sem piscinas ou lagos para crianças menores de 6 anos;
  1. Ensine crianças a nadar (de preferência maiores de 6 anos, segundo a OMS) e a tomar condutas seguras na água. Escolha escolas de natação com professores qualificados;
  1. Aprenda e treine as pessoas responsáveis por cuidar da criança (babás etc) a nadar, fazer resgates de forma segura em caso de afogamento e a realizar manobras de reanimação se necessário;
  1. Ensine as crianças a respeitarem as placas de proibição de praias e piscinas e a seguir, sempre, as orientações do salva-vidas;
  1. Tenha sempre anotado e à mão números para emergências, como o 192;
  1. No mar, fique longe de correntes. Saiba identificar as temidas correntes de retorno: água marrom (ocasionada pela agitação de areia); água mais escura, pois nesse local está mais fundo; lugares no mar onde as ondas são menos frequentes; local onde existem o encontro de duas ondas etc.;
  1. No caso de ser pego por uma corrente, mantenha a calma. Erga as mãos para chamar a atenção do salva-vidas. Tente nadar paralelamente à praia ou flutue e deixe a corrente te levar enquanto chama a atenção do salva-vidas.

Oriente seus pacientes a cuidarem de seus bens mais preciosos durante o verão!

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referência

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Departamento Científico de Segurança. Prevenção de afogamento . Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/prevencao-de-acidentes/prevencao-ao-afogamento/. Acesso em: 29 nov 2022.