Vacina nonavalente para o HPV: um resumo das principais publicações até o momento

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A vacina nonavalente para o papilomavírus humano (HPV) é composta por antígenos de capsídeos virais de nove tipos de HPV: 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58. Os tipos 16 e 18 são responsáveis por aproximadamente 66% de todos os casos de câncer cervical, enquanto os cinco tipos adicionais cobertos pela vacina nonavalente são responsáveis por cerca de 15% dos casos. Além disso, os tipos 6 e 11 são responsáveis por mais de 90% das verrugas genitais.[1]

A vacina nonavalente demonstrou resultados significativos em termos de eficácia e imunogenicidade. Em um estudo publicado no The New England Journal of Medicine, a vacina mostrou uma eficácia de 96,7% na prevenção de doenças cervicais, vulvares ou vaginais de alto grau relacionadas aos tipos de HPV 31, 33, 45, 52 e 58 em uma população suscetível. Além disso, as respostas de anticorpos para os tipos de HPV 6, 11, 16 e 18 foram não inferiores às geradas pela vacina quadrivalente. Outro estudo, publicado no Lancet, confirmou a eficácia sustentada da vacina nonavalente por até seis anos após a primeira administração, prevenindo infecções e lesões de alto grau relacionadas aos tipos adicionais de HPV cobertos pela vacina.[2][3] A vacina também demonstrou um perfil de segurança robusto, com raríssimos eventos adversos graves relatados e sem mortes relacionadas à vacina.[2] Esses resultados indicam que a vacina nonavalente oferece uma proteção mais ampla contra tipos adicionais de HPV, potencialmente prevenindo até 90% dos casos de câncer cervical em todo o mundo.[2] A vacina é aprovada pelo FDA para uso em adultos até 45 anos nos Estados Unidos, o que reflete sua eficácia e segurança em uma faixa etária mais ampla.

No Brasil, na rede pública de saúde a vacina distribuída ainda é a quadrivalente para meninos e meninas de 9 a 11 anos em dose única. Em populações específicas como pessoas convivendo com o vírus HIV, portadores de doenças oncológicos, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea, usuários de profilaxia pré-exposição (PrEP), vítimas de violência sexual ou portadores de papilomatose respiratória recorrente têm direito de receber a vacina até os 45 anos e em 3 doses (posologia 0, 2 e 6 meses). A vacina nonavalente está disponível no Brasil apenas na rede privada. A posologia recomendada em bula da vacina nonavalente é para pessoas dos 9 aos 45 anos em 3 doses (0, 2 e 6 meses). [4] Alternativamente, se houver limitações, em indivíduos de 9 a 14 anos de idade, a vacina pode ser administrada de acordo com um esquema de 2 doses: a segunda dose deve ser administrada entre 5 e 13 meses após a primeira.  

Referências bibliográficas:

[1] Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually Transmitted Infections Treatment Guidelines, 2021. MMWR. Recommendations and Reports : Morbidity and Mortality Weekly Report. Recommendations and Reports. 2021;70(4):1-187. 

[2] Huh WK, Joura EA, Giuliano AR, et al. Final Efficacy, Immunogenicity, and Safety Analyses of a Nine-Valent Human Papillomavirus Vaccine in Women Aged 16-26 Years: A Randomised, Double-Blind Trial. Lancet (London, England). 2017;390(10108):2143-2159.

[3] Joura EA, Giuliano AR, Iversen OE, et al. A 9-Valent HPV Vaccine Against Infection and Intraepithelial Neoplasia in Women. The New England Journal of Medicine. 2015;372(8):711-23. 

[4] ANVISA – Registrada vacina do HPV contra 9 subtipos do vírus. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/noticias//asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/registrada-vacina-do-hpv-contra-9-subtipos do virus/219201 Acessado em 22/12/2024.