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Uma visão geral sobre a Toxoplasmose na gestação
Escrito por
Fabiano Serra
Publicado em
22/10/2024
A toxoplasmose, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, é uma doença parasitária frequentemente encontrada em países tropicais. A infecção é geralmente assintomática em adultos, mas pode ter graves consequências durante a gestação, incluindo morbidade significativa e sequelas congênitas severas.
Epidemiologia e Transmissão
A toxoplasmose é transmitida principalmente pela ingestão de oocistos, presentes em fezes de gatos ou alimentos e água contaminados, e cistos teciduais em carnes cruas ou mal cozidas. A transmissão vertical, da mãe para o feto, ocorre quando a mulher adquire a infecção aguda durante a gestação. A reativação da doença em gestantes imunocomprometidas também pode resultar em transmissão vertical.
Toxoplasmose Congênita
A transmissão vertical do Toxoplasma gondii é mais provável quando a infecção aguda ocorre no fim da gravidez, mas costuma ser mais grave quando ocorre durante o início da gestação. As principais complicações fetais incluem ventriculomegalia, microcefalia, calcificações intracranianas, hepatoesplenomegalia e retinocoroidite. Muitos recém-nascidos são assintomáticos ao nascimento, mas podem desenvolver sequelas tardias, como cegueira e surdez.
Diagnóstico
O diagnóstico da toxoplasmose em gestantes baseia-se no rastreamento sorológico com testes imunoenzimáticos (ELISA) para detectar IgG e IgM contra T. gondii. A confirmação da infecção aguda pode requerer testes adicionais, como titulação seriada de IgG e teste de avidez de IgG. A confirmação da transmissão vertical é feita através da amniocentese, seguida de PCR para detectar o DNA do T. gondii no líquido amniótico. Para saber mais detalhes sobre o diagnostico, acesse os outros textos específicos do nosso site. (Já escrevi alguns – se der para colocar os links aqui)
Medidas Preventivas
Gestantes susceptiveis (e não susceptiveis) devem ser aconselhadas a evitar carnes cruas ou mal cozidas, preferir carnes congeladas, consumir água filtrada, lavar bem frutas e vegetais, evitar contato com fezes de gatos, usar luvas ao manusear solo e manter boas práticas de higiene alimentar.
Profilaxia e Tratamento
A profilaxia com espiramicina é recomendada para gestantes com infecção aguda, reduzindo a transmissão vertical em até 50%. A dosagem é de 500 mg (1.500.000 UI) a cada 8 horas, mantida até o parto. Se a infecção fetal for confirmada ou se não for possível de ser realizada, o tratamento deve incluir sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico a partir de 16 semanas de gestação.
Recomendações Gerais Todas as gestantes devem realizar sorologia para toxoplasmose na primeira consulta pré-natal. Gestantes suscetíveis devem repetir a sorologia mensalmente e seguir rigorosas medidas preventivas. A via de parto deve ser decidida por critérios obstétricos e a amamentação não é contraindicada. Placenta e sangue de cordão podem ser enviados para sorologia e PCR.
A toxoplasmose na gestação exige uma abordagem cuidadosa e multidisciplinar para minimizar os riscos de transmissão vertical e complicações fetais. A educação e o seguimento rigoroso das gestantes são essenciais para prevenir e tratar adequadamente essa infecção.