Transfusão feto-materna

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Trata-se de uma situação clínica poucas vezes diagnosticada antes do nascimento, em que, já na sala de parto, nota-se recém-nascido descorado e, geralmente, sem sinais de descompensação clínica; ou seja, sem hepatoesplenomegalia, sem taquicardia, hipoxemia ou desconforto respiratório.

Mas chama a atenção da equipe de saúde o fato do RN não nascer pletórico, que seria o mais comum. Nesses casos, é importante descartar a transfusão feto-materna, em que o sangue do feto, de forma indevida, é transferido para a mãe durante a gestação.

Diante da suspeita de anemia neonatal, deve-se coletar hemograma e reticulócitos do recém-nascido, que embora terão achados inespecíficos, confirmarão os níveis de hemoglobina da criança (em geral, menor que 10 g/dL) e terá reticulócitos aumentados (acima de 1%), visto que, diante da anemia fetal, a medula óssea tentará compensar com eritropoese medular.

Porém, esses exames não fecharão o diagnóstico de transfusão feto-materna, que deverá ser investigada com coleta de exames maternos. O sangue da mãe passará pelo teste de Kleihauer, que, em caso positivo, significa que existe presença de hemácias fetais no sangue da mãe. As hemácias fetais tendem a desaparecer após 3 a 6 meses de vida, de modo que encontrá-las no sangue periférico materno, fecha o diagnóstico de transfusão feto-materna.

Figura 1 – teste de Kleihauer positivo

Legenda: hemoglobinas fetais (rosa escuro) encontradas no sangue periférico da mãe, que só deveria apresentar hemoglobinas adultas (rosa claro).

A maioria das crianças não precisarão receber transfusão de hemácias — pois estarão compensadas da anemia —, porém, caso apresente reticulócitos acima de 1%, deve-se iniciar a suplementação terapêutica de ferro de 4 a 6 mg/dL, até a normalização dos níveis da hemoglobina.

Referência:

CHAFFIN, Joe. Glossary. Blood Bank Guy. Disponível em: https://www.bbguy.org/education/glossary/glk03/. Acesso em: 04 set. 2023.