Sexualidade e Saúde Íntima na Terceira Idade: Desafios e Cuidados Específicos

Compartilhe

Com o envelhecimento da população mundial, a saúde íntima e a sexualidade na terceira idade estão ganhando um reconhecimento merecido como áreas importantes de cuidado e qualidade de vida. A vida sexual e o bem-estar íntimo permanecem elementos fundamentais na saúde física e mental, especialmente em uma sociedade que valoriza o envelhecimento ativo e saudável. No entanto, a sexualidade na terceira idade ainda enfrenta tabus, estigmas e desafios específicos, que incluem desde mudanças fisiológicas até aspectos emocionais e sociais.  

Desafios Comuns para a Sexualidade na Terceira Idade

As mudanças fisiológicas e hormonais que acompanham o envelhecimento afetam diretamente a sexualidade e a saúde íntima das mulheres idosas. A seguir, destacam-se alguns dos principais desafios:

  1. Alterações Hormonais e Atrofia Vaginal
  • Com a menopausa, ocorre uma redução drástica na produção de estrogênio, o que pode levar à atrofia urogenital. A diminuição dos níveis hormonais afeta diretamente a lubrificação e a elasticidade vaginal, resultando em secura, prurido e desconforto durante a relação sexual, além de aumentar o risco de infecções urinárias e vaginais recorrentes.
  1. Redução da Libido e Desejo Sexual
  • A perda de estrogênio e testosterona também influencia o desejo sexual. Além das mudanças hormonais, fatores emocionais e físicos, como o uso de medicamentos, doenças crônicas e imagem corporal, podem impactar a libido na terceira idade.
  1. Problemas de Saúde Associados ao Envelhecimento
  • Condições comuns em idosas, como diabetes, hipertensão, artrite e doenças cardiovasculares, além dos efeitos colaterais de medicações, afetam o funcionamento sexual e podem diminuir a disposição e o conforto durante a atividade sexual.
  1. Aspectos Emocionais e Psicológicos
  • O envelhecimento pode acarretar mudanças na autoestima e no papel social, afetando a percepção de atratividade e o desejo de intimidade. A perda de parceiros ou a solidão também afetam o interesse e o bem-estar sexual. A depressão e a ansiedade são frequentes e podem contribuir para a redução do desejo sexual.
  1. Tabus e Estigmas Sociais
  • A sociedade frequentemente vê a sexualidade dos idosos como um tabu, e muitos profissionais de saúde ainda negligenciam esse aspecto no atendimento. Esse estigma faz com que mulheres mais velhas se sintam desconfortáveis para discutir questões sexuais com profissionais de saúde, resultando em necessidades não atendidas.

Cuidados Específicos para a Saúde Íntima e Sexualidade na Terceira Idade

Diante dos desafios, o cuidado da saúde íntima e da sexualidade na terceira idade envolve uma abordagem holística e atenciosa. A seguir, algumas orientações:

  1. Reposição Hormonal Vaginal Local
  • Em casos de atrofia vaginal, a terapia com estrogênio vaginal de baixa dose (cremes ou comprimidos) pode ser eficaz para aliviar os sintomas, melhorar a lubrificação e restaurar a elasticidade vaginal. Essa abordagem tem efeitos sistêmicos mínimos e é indicada para melhorar a qualidade de vida sexual em mulheres sem contraindicações.
  1. Uso de Lubrificantes e Hidratantes Vaginais
  • Lubrificantes à base de água ou silicone podem aliviar a secura vaginal durante as relações sexuais, enquanto os hidratantes vaginais de uso contínuo ajudam a manter a umidade e elasticidade da mucosa. Esses produtos são facilmente acessíveis e podem ser recomendados como primeira linha para mulheres com sintomas leves a moderados de atrofia vaginal.
  1. Abordagem Multidisciplinar para Doenças Crônicas
  • A saúde íntima e sexual está intimamente ligada à saúde geral. Em pacientes com doenças crônicas, uma abordagem que envolva cardiologistas, endocrinologistas, ginecologistas, psiquiatras e psicólogos é fundamental para ajustar tratamentos e reduzir o impacto dos sintomas na vida sexual. A revisão de medicamentos que possam causar disfunções sexuais também é essencial.
  1. Aconselhamento e Terapia Sexual
  • A terapia sexual e o aconselhamento psicológico podem ser benéficos para abordar questões emocionais e psicológicas, como baixa autoestima, ansiedade e depressão. A terapia de casal pode ajudar a resgatar a intimidade e resolver conflitos que surgem com o envelhecimento, promovendo uma vida sexual satisfatória.
  1. Educação e Comunicação sobre Sexualidade
  • É importante que as mulheres idosas e seus parceiros recebam orientações sobre as mudanças que o envelhecimento traz para a sexualidade e as opções para lidar com essas mudanças. A comunicação aberta entre o casal e com profissionais de saúde deve ser incentivada, criando um espaço seguro para discussões sobre sexualidade.
  1. Estimulação e Exercícios para Fortalecimento do Assoalho Pélvico
  • Exercícios de Kegel e técnicas para fortalecimento do assoalho pélvico ajudam a prevenir disfunções sexuais e incontinência urinária, além de aumentar o prazer sexual. O fortalecimento do assoalho pélvico é recomendado em todas as idades, mas é especialmente benéfico para mulheres idosas.
  1. Alternativas de Terapia Não-Hormonal
  • Para mulheres que não podem ou não desejam fazer uso de hormônios, tratamentos alternativos, como laser vaginal e radiofrequência, estão disponíveis e mostram-se promissores na promoção da saúde vaginal e melhora da qualidade de vida sexual. Esses procedimentos não invasivos estimulam o colágeno e melhoram a elasticidade da mucosa vaginal.

Envolvimento dos Profissionais de Saúde A abordagem da sexualidade e saúde íntima das mulheres idosas deve ser considerada uma parte fundamental do cuidado ginecológico. Profissionais de saúde precisam estar atentos às questões de saúde sexual na terceira idade e ser proativos em abordar o tema, de forma empática e respeitosa. É essencial oferecer informações claras e acessíveis, além de desenvolver uma comunicação aberta, incentivando as pacientes a discutir suas preocupações.