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Sexualidade Durante a Gestação: O Que é Importante Saber

Escrito por
Fabiano Serra
Publicado em
12/5/2025

A gestação é um período de intensas transformações físicas, hormonais e emocionais — e todas essas mudanças impactam diretamente a vivência da sexualidade. Apesar de ser uma fase natural da vida, ainda existem muitos tabus e dúvidas sobre o que é ou não permitido na vida sexual do casal durante a gravidez. Falar sobre sexualidade na gestação é essencial para promover saúde, vínculo afetivo e bem-estar da mulher e do casal.
Mudanças que Influenciam a Sexualidade na Gravidez
Durante a gestação, o corpo da mulher passa por adaptações fisiológicas que podem influenciar o desejo e a resposta sexual. Os hormônios, especialmente estrogênio e progesterona, afetam o humor, a lubrificação vaginal, a sensibilidade corporal e o padrão de sono, o que pode alterar a frequência ou a qualidade das relações sexuais.
Além disso, aspectos emocionais — como ansiedade em relação ao bebê, preocupações com o parto ou alterações na autoimagem corporal — também interferem no desejo e na disponibilidade para a atividade sexual.
É importante compreender que o desejo pode variar ao longo dos trimestres:
- 1º trimestre: náuseas, sonolência e inseguranças podem reduzir a libido.
- 2º trimestre: costuma haver melhora do bem-estar e aumento do desejo sexual, devido à maior vascularização pélvica e à estabilidade hormonal.
- 3º trimestre: desconfortos físicos (como dor lombar e dificuldade para encontrar posições confortáveis) e ansiedade com a proximidade do parto podem novamente diminuir a frequência das relações.
É Seguro Ter Relações Sexuais na Gravidez?
Na maioria das gestações de baixo risco, a atividade sexual é segura e benéfica. O pênis não atinge o bebê, que está protegido dentro do útero e envolto pelo líquido amniótico. As contrações que podem ocorrer após o orgasmo não são prejudiciais e não provocam parto prematuro em mulheres com colo uterino competente.
No entanto, em algumas situações, a atividade sexual pode ser restrita ou contraindicada. Entre os principais cenários estão:
- Ameaça de abortamento ou sangramento vaginal persistente
- Placenta prévia
- Colo curto ou insuficiência istmocervical
- Histórico de parto prematuro
- Rotura prematura das membranas
- Infecções genitais ativas ou ISTs
Nestes casos, é essencial que o(a) obstetra oriente individualmente, avaliando riscos e esclarecendo dúvidas sem gerar culpa ou medo desnecessário.
O Papel da Comunicação no Casal
A sexualidade na gestação não se limita à relação sexual com penetração. Carinho, toque, beijo, masturbação e intimidade emocional também fazem parte da vida sexual e devem ser valorizados. A comunicação aberta entre o casal é essencial para adaptar a sexualidade às mudanças do corpo e às novas necessidades emocionais.
Falar sobre desejos, desconfortos, inseguranças e expectativas pode fortalecer o vínculo e evitar conflitos silenciosos. Muitas vezes, o(a) parceiro(a) tem receio de machucar o bebê ou sente-se deslocado diante das mudanças — acolher essas inseguranças com diálogo é fundamental.
Apoio Profissional e Informação Segura
É papel do profissional de saúde abordar a sexualidade nas consultas de pré-natal com naturalidade, acolhendo dúvidas e orientando de forma individualizada, sem julgamentos. A informação correta reduz o medo, combate tabus e fortalece a confiança da mulher e do casal em relação à experiência da gestação.
Gestação não é sinônimo de abstinência. É uma fase de descobertas, ajustes e, sobretudo, de respeito ao corpo e ao desejo. Falar sobre sexualidade é também cuidar da saúde integral da mulher e do casal.