Principais exames envolvidos no diagnóstico e no acompanhamento das pacientes aloimunizadas

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  1. Tipagem sanguínea ABO-Rh

Objetivo: Identificar as pacientes Rh negativo, que são as que têm maior potencial para aloimunização.Interpretação: As pacientes Rh negativo, cujos fetos podem ser Rh positivo, deverão ser acompanhadas com o Coombs indireto mensal até 28 semanas, quando deverão receber imunoglobulina anti-Rh, caso o Coombs indireto seja negativo nesse momento. Após a imunoglobulina o teste de Coombs indireto passa a ser positivo (pela presença dos anticorpos exógenos) e não deverá ser repetido durante a gestação.

  1. Teste de Coombs Indireto

Objetivo: Detectar anticorpos anti-eritrocitários no soro materno que podem cruzar a placenta e causar Doença Hemolítica Perinatal (DHPN).Interpretação: A presença de anticorpos anti-Rh(D) ou outros anticorpos sugere risco de aloimunização. A ausência de anticorpos justifica a profilaxia com imunoglobulina anti-D em mães Rh negativo.

  1. Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI)

Objetivo: Identificar e caracterizar anticorpos específicos contra antígenos eritrocitários do feto. Nem sempre os anticorpos serão anti-D (anti-Rh).Interpretação: Outros anticorpos contra antígenos específicos (além do RhD, como Kell, Duffy, Kidd) podem ser encontrados e exigem monitoramento adicional para avaliação do risco de DHPN. Até pacientes Rh positivo podem ter anticorpos irregulares (não anti-D).

  1. Monitoramento dos Títulos de Anticorpos

Objetivo: Quantificar o risco de DHPN através da medição da concentração de anticorpos.Interpretação: Títulos de anticorpos são medidos em intervalos regulares. Um aumento de dois diluídos (por exemplo, de 1:16 para 1:32) é considerado clinicamente significativo. Títulos elevados indicam maior risco de anemia fetal, necessitando avaliação fetal mais aprofundada e possível intervenção. Para as pacientes aloimunizadas com anti-D, o valor de corte para iniciar a investigação fetal com Doppler de artéria cerebral média é 1/16. Para os outros anticorpos irregulares, os títulos não são levados em conta e todos deverão ser investigados.

  1. Avaliação Fetal Não Invasiva

Objetivo: Detectar anemia fetal sem recorrer a procedimentos invasivos.Interpretação: A ultrassonografia Doppler é utilizada para medir o pico de velocidade sistólica da artéria cerebral média (PSV-ACM), sendo um indicador sensível de anemia fetal. Valores acima de 1,5MoM para a idade gestacional sugerem anemia fetal, indicando a necessidade de intervenção (cordocentese e transfusão intrauterina ou parto se maior que 34 semanas).

  1. Cordocentese:

Objetivo: Avaliação direta da anemia fetal e realização de transfusão de sangue se necessário.Interpretação: Punção direta do cordão umbilical para coleta de sangue fetal, permitindo a medição direta de hemoglobina e hematócrito. Confirma anemia fetal e permite transfusões intrauterinas diretas. É o padrão ouro no diagnóstico da anemia fetal e permite o tratamento.