O que todo médico que trabalha com trauma, deve saber ao atender uma paciente gestante?

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O estado hemodinâmico e respiratório é diferente:

A capacidade de uma gestante compensar melhor a perda de sangue inicialmente deve-se a várias adaptações fisiológicas que ocorrem durante a gravidez. Essas mudanças ajudam a manter a perfusão adequada tanto para a mãe quanto para o feto, mesmo diante de desafios como um trauma. Aqui estão os principais fatores que contribuem para essa melhor compensação hemodinâmica:

Aumento do Volume Sanguíneo

Durante a gravidez, o volume de sangue da mãe aumenta entre 30% a 50% para atender às demandas do útero em crescimento, da placenta e do feto. Esse aumento de volume permite que a gestante tolere uma perda sanguínea significativa antes que os sinais clínicos de choque se tornem evidentes.

Aumento do Débito Cardíaco

O coração trabalha mais durante a gravidez, com um aumento de até 40% no débito cardíaco. Esse aumento é causado tanto pelo aumento do volume sanguíneo quanto pela elevação da frequência cardíaca. Esse maior débito cardíaco ajuda a manter a perfusão adequada apesar de uma possível hemorragia.

Alterações Vasculares: A gravidez induz um estado de hipervolemia e uma certa vasodilatação, o que pode ajudar a manter a pressão arterial e a perfusão dos órgãos vitais mesmo com perda de sangue.

Reserva de Oxigênio: A gravidez aumenta a demanda por oxigênio, levando a uma maior capacidade respiratória. A adaptação inclui um aumento na ventilação minuto (volume de ar inalado ou exalado por minuto) para compensar o aumento das necessidades metabólicas e manter a oxigenação eficaz da mãe e do feto.

Redistribuição de Fluxo Sanguíneo: Em resposta ao trauma e à perda de sangue, o corpo da gestante pode redistribuir o fluxo sanguíneo para órgãos vitais e para a placenta, mantendo a perfusão fetal enquanto prioriza órgãos críticos da mãe.

Essas adaptações podem proporcionar uma janela de tempo maior para a identificação e tratamento do choque antes que o estado da paciente se deteriore gravemente, porém podem mascarar os sinais de choque, atrasando a detecção e a intervenção necessárias, o que sublinha a importância de vigilância e avaliação contínuas em gestantes politraumatizadas.

O monitoramento contínuo das condições da mãe e do feto é crucial, pois complicações podem se desenvolver rapidamente.