Gestação gemelar com mola completa e feto normal: o que fazer?

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A gestação gemelar em que uma mola completa coexiste com um feto normal apresenta desafios únicos, tanto em termos de manejo quanto de prognóstico. Apesar da raridade dessa condição, os dois maiores estudos disponíveis na literatura fornecem dados importantes sobre desfechos perinatais e as implicações da conduta expectante ou da interrupção eletiva da gestação.

Conduta Expectante: Dados da Literatura

Estudos recentes indicam que a conduta expectante pode oferecer desfechos favoráveis em uma proporção significativa de casos:

Desfecho perinatal favorável em 40% dos casos e viabilidade fetal em 60% dos casos: A taxa de nascimentos de fetos vivos em gestações manejadas de forma expectante é relativamente alta, considerando os riscos associados.

Esses dados reforçam a possibilidade de monitorar a gestação cuidadosamente em situações em que não há complicações maternas significativas, permitindo que o feto viável alcance o maior tempo possível de desenvolvimento intrauterino.

Forma

Risco de Progressão para Neoplasia Trofoblástica

Embora a conduta expectante possa ser benéfica para o desfecho fetal, ela não está isenta de riscos para a mãe, especialmente no que diz respeito à progressão para neoplasia trofoblástica gestacional. Estudos indicam que o risco varia entre 15% e 57%, e alguns fatores contribuem significativamente para a progressão maligna:

  • hCG elevado: Níveis elevados estão associados a maior probabilidade de complicações malignas.
  • Abortamento espontâneo: Mais comum em casos de mola completa, frequentemente correlacionado com pior viabilidade fetal.
  • Interrupção da gestação por complicações graves: Geralmente resultante de hemorragia, pré-eclâmpsia ou outros eventos clínicos adversos.

Aconselhamento para a Paciente Com base nos dados disponíveis, o aconselhamento deve ser claro e orientado para ajudar a paciente a tomar uma decisão informada. Os pontos a serem discutidos incluem:

  1. Prognóstico Materno:
  • Avaliar cuidadosamente os riscos de complicações clínicas, como hemorragias, pré-eclâmpsia e progressão para neoplasia trofoblástica.
  • Monitoramento rigoroso de hCG durante e após a gestação.
  1. Prognóstico Fetal:
  • Informar sobre a possibilidade de viabilidade fetal em 60% dos casos, mas também sobre o risco de prematuridade e complicações neonatais.
  1. Decisão sobre a Manutenção da Gestação:
  • Explicar que a decisão deve levar em conta os riscos maternos e as preferências da paciente, e não o impacto no prognóstico oncológico, já que a interrupção eletiva não reduz o risco de progressão maligna.