Estrogênios: Farmacologia, Doses e Vias de Administração na Terapia Hormonal do Climatério

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A terapêutica hormonal (TH) do climatério utiliza os estrogênios, que podem ser administrados isoladamente ou em combinação com progestagênios, conforme as necessidades clínicas individuais de cada paciente.

Farmacologia dos Estrogênios

Os estrogênios são os hormônios principais na TH, especialmente eficazes no tratamento dos sintomas da peri e pós-menopausa. Entre eles, o estradiol destaca-se como o estrogênio natural mais potente, sendo altamente eficaz na melhora dos sintomas. As formulações de 17β-estradiol micronizado são isomoleculares ao estradiol produzido pelos ovários, o que favorece uma resposta terapêutica mais fisiológica.

Doses e Regimes Terapêuticos

A dosagem dos estrogênios na TH deve ser cuidadosamente individualizada, considerando-se as manifestações clínicas e os riscos individuais de cada mulher. No Brasil, estão disponíveis diversas preparações de estrogênios:

- Oral: 17β-estradiol ou valerato de estradiol, com doses variando de 0,5 a 2 mg/dia.

- Gel de Estradiol: Disponível em concentrações de 0,5 mg, 0,75 mg e 1 mg.

- Adesivos Transdérmicos: Com doses de 25 a 50 mcg de estradiol.

A recomendação atual é iniciar a TH com a menor dose efetiva que alivie os sintomas, minimizando assim o risco de eventos adversos. No entanto, algumas pacientes podem necessitar de doses mais elevadas para um controle sintomático adequado.

Vias de Administração

Com relação à via de administração, o estradiol sistêmico pode ser administrado por via oral ou transdérmica sob a forma de gel ou adesivo cutâneo. A escolha da via é baseada na preferência e nos riscos individuais de cada mulher.

- Oral: Quando o estrogênio é ingerido por via oral, ele é absorvido pelo trato gastrointestinal e, através da circulação portal, atinge o fígado, onde é metabolizado. Devido a essa primeira passagem hepática, altas concentrações de estrogênio chegam ao fígado, aumentando a produção hepática de proteínas como a globulina carreadora de hormônios sexuais (SHBG) e triglicerídeos, além de promover alterações no perfil lipídico (aumento do HDL e redução do LDL) e ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, além de interferir nos fatores de coagulação. Esses efeitos são minimizados ou ausentes com a administração transdérmica.

- Transdérmica: Pela via transdérmica, o estrogênio atravessa a pele e atinge a circulação sanguínea diretamente, evitando a primeira passagem hepática e, consequentemente, os efeitos negativos associados. Esta via é preferida para mulheres com condições de risco como hipertensão arterial, obesidade, hipertrigliceridemia, risco tromboembólico, riscos metabólicos ou cardiovasculares.

- Vaginal: Para mulheres que apresentam apenas sintomas vaginais, a administração sistêmica de estrogênio não é necessária. O uso de estrogênios por via vaginal, como estradiol, estriol e promestrieno, melhora o trofismo da mucosa e alivia os sintomas vaginais e urinários da síndrome geniturinária. A absorção sistêmica desses estrogênios é muito baixa, permitindo seu uso isolado sem necessidade de associação com progestagênio, mesmo em mulheres com útero.

Para mulheres saudáveis, qualquer via de administração pode ser adequada, mas a via oral é a mais popular devido à facilidade de uso e menor custo. No entanto, para aquelas com riscos específicos, a via transdérmica é preferida.

A TH, quando bem indicada e monitorada, oferece alívio significativo dos sintomas climatéricos e melhora a qualidade de vida das pacientes. A escolha da dose e da via de administração deve ser baseada em uma avaliação cuidadosa e personalizada, sempre visando o bem-estar e a segurança da paciente.