Diferenciando Mancha Salmão e Hemangioma: Compreendendo as Lesões Cutâneas em Recém-Nascidos

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Ao avaliar um recém-nascido, é comum os médicos se depararem com lesões cutâneas, como a mancha salmão e o hemangioma. No entanto, é essencial diferenciar corretamente essas duas condições para fornecer um diagnóstico preciso aos pais. Vamos explorar as características distintas dessas lesões e entender a importância da diferenciação adequada.

A mancha salmão (Figura 1), também conhecida como mancha “de cor salmonada”, é uma ocorrência frequente, que afeta entre 50% e 70% dos recém-nascidos de pele branca.

Figura 1 – Mancha salmão

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2022.

Essa lesão é caracterizada por uma mancha de coloração rósea clara, com limites indefinidos. Geralmente, a mancha salmão desaparece quando aplicada pressão sobre a área afetada. É mais comum na região occipital (parte de trás da cabeça), popularmente chamada “de bicada da cegonha”. Além disso, ela pode aparecer na região frontal, na glabela (entre as sobrancelhas) ou nas pálpebras superiores. A intensidade da coloração pode aumentar durante o esforço e o choro, uma vez que é causada pela imaturidade dos vasos sanguíneos. Essa lesão tende a melhorar gradualmente e desaparecer entre o primeiro e o terceiro ano de vida, quando o sistema autônomo, que inerva estes vasos sanguíneos, amadurece.

Por outro lado, os hemangiomas são lesões cutâneas vasculares com características proliferativas. Os hemangiomas infantis (figura 2) são os tumores vasculares benignos mais comuns em crianças. Eles ocorrem em aproximadamente 4% a 10% da população.

Figura 2 – Hemangioma superficial

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2022.

A história natural dos hemangiomas infantis é marcada por uma sequência de mudanças. A princípio, o bebê pode nascer sem a lesão ou com uma lesão precursora, que pode se manifestar como uma pápula avermelhada, telangiectasias (vasos sanguíneos dilatados) ou uma mancha pálida ou arroxeada. Nas semanas seguintes, a lesão se prolifera, formando uma placa ou tumor, que cresce rapidamente nos primeiros dois meses e continua a crescer, porém em um ritmo mais lento, até aproximadamente o oitavo mês de vida. Vale ressaltar que os hemangiomas profundos ou mistos podem apresentar um ritmo de crescimento diferente, geralmente surgindo entre o primeiro e o segundo mês de vida ou até mais tarde, podendo aumentar até os 12 meses de idade. No entanto, a maioria dos hemangiomas infantis não requer tratamento e tende a regredir espontaneamente.

A diferenciação adequada entre mancha salmão e hemangioma é fundamental para evitar diagnósticos incorretos. Embora a mancha salmão seja comum e geralmente desapareça sem causar complicações, os hemangiomas podem exigir intervenção médica, dependendo de seu tamanho, localização e potencial para causar ulcerações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CARVALHO, Vânia Oliveira de et al. Consenso de cuidado com a pele do recém-nascido. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2015. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/flipping-book/consenso-cuidados-pele/cuidados-com-a-pele/assets/downloads/publication.pdf. Acesso em: 16 ago. 2023.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento Científico de Dermatologia. Hemangioma da infância: Atualização 2022. Documento Científico, n. 13, 2022. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23278c-DocCient_-_Hemangioma_da_Infancia-Atualizacao.pdf. Acesso em: 16 ago. 2023.