Critérios maiores, menores e elaborados e tratamento da doença inflamatória pélvica

Compartilhe

A doença inflamatória pélvica (DIP) é um processo inflamatório que envolve o trato reprodutor. É causada por bactérias ascendentes que ultrapassam a barreira do muco cervical e provocam a inflamação do endométrio, tubas e superfície peritoneal. Do ponto de vista acadêmico, o diagnóstico da DIP poderá ser realizado na presença de 3 critérios maiores e um menor ou apenas um critério elaborado.

Critérios MAIORES

- Dor no hipogástrico

- Dor à palpação dos anexos no toque bimanual

- Dor à mobilização do colo  no toque vaginal

Critérios MENORES

- Temperatura axilar >37,5°C  - Conteúdo vaginal ou secreção endocervical anormal 

- Massa pélvica 

- Mais de 10 leucócitos por campo de imersão em material de endocérvice 

- Leucocitose em sangue periférico 

- Proteína C reativa ou velocidade de hemossedimentação – VSG elevada

- Comprovação laboratorial de infecção cervical por gonococo, clamídia ou micoplasmas

Critérios ELABORADOS

- Evidência histopatológica de endometrite em biópsia de endométrio

- Presença de abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas em estudo de imagem

- Laparoscopia com evidência de DIP

O tratamento envolve antibioticoterapia com cobertura de amplo espectro. O esquema de tratamento ambulatorial recomendado pelo Ministério da Saúde é ceftriaxona 500 mg intramuscular em dose única + doxiciclina 100 mg via oral a cada 12 horas por 14 dias + metronidazol 500 mg via oral a cada 12 horas por 14 dias. Na ausência de ceftriaxona, pode ser substituída por cefotaxima.

As parcerias sexuais devem ser convocadas e tratadas para a condição. Todas as pacientes em tratamento ambulatorial devem ser reavaliadas em 72 horas após o início da antibioticoterapia.

As indicações de internação são:

  • Suspeita ou comprovação de abscesso tubo-ovariano
  • Estado geral grave com náuseas/vômitos ou febre
  • Falha do tratamento ambulatorial (72 horas)
  • Gestantes
  • Intolerância aos antibióticos orais
  • Possibilidade de outro diagnóstico (exemplo: apendicite, gestação ectópica, etc.)

O esquema de antibioticoterapia indicado pelo Ministério da Saúde para tratamento hospitalar é ceftriaxona 1g, EV uma vez ao dia por 14 dias + Doxiciclina 100mg, via oral a cada 12 horas, por 14 dias + Metronidazol 400mg, EV a cada 12 horas por 14 dias. Outra opção é Clindamicina 900mg, EV a cada 8 horas por 14 dias + Gentamicina 3-5 mg/kg, EV ou IM uma vez ao dia por 14 dias

Os abscessos tubo-ovarianos são coleções purulentas que podem se formar entre a tuba e o ovário em pacientes com DIP. Nas pacientes com abscessos íntegros, sem sinais de abdome agudo, com coleções que não alcançam o fundo de saco de Douglas tocando a parede vaginal o manejo inicial deve ser clínico. A drenagem dos abscessos estará indicada nas seguintes situações:

- Abdome agudo (rotura)

- Massa que persiste ou aumenta após antibioticoterapia adequada

- Falha do tratamento clínico

- Abscesso que toca parede vaginal (nesse caso a drenagem pode ser realizada por culdocentese sob orientação ultrassonográfica).

REFERÊNCIA

Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST. 2022. Disponível em https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-deconteudo/pcdts/2022/ist/pcdt-ist-2022_isbn-1.pdf/view