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Critérios maiores, menores e elaborados e tratamento da doença inflamatória pélvica
Escrito por
Jader Burtet
Publicado em
8/10/2024
A doença inflamatória pélvica (DIP) é um processo inflamatório que envolve o trato reprodutor. É causada por bactérias ascendentes que ultrapassam a barreira do muco cervical e provocam a inflamação do endométrio, tubas e superfície peritoneal. Do ponto de vista acadêmico, o diagnóstico da DIP poderá ser realizado na presença de 3 critérios maiores e um menor ou apenas um critério elaborado.
Critérios MAIORES
- Dor no hipogástrico
- Dor à palpação dos anexos no toque bimanual
- Dor à mobilização do colo no toque vaginal
Critérios MENORES
- Temperatura axilar >37,5°C - Conteúdo vaginal ou secreção endocervical anormal
- Massa pélvica
- Mais de 10 leucócitos por campo de imersão em material de endocérvice
- Leucocitose em sangue periférico
- Proteína C reativa ou velocidade de hemossedimentação – VSG elevada
- Comprovação laboratorial de infecção cervical por gonococo, clamídia ou micoplasmas
Critérios ELABORADOS
- Evidência histopatológica de endometrite em biópsia de endométrio
- Presença de abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas em estudo de imagem
- Laparoscopia com evidência de DIP
O tratamento envolve antibioticoterapia com cobertura de amplo espectro. O esquema de tratamento ambulatorial recomendado pelo Ministério da Saúde é ceftriaxona 500 mg intramuscular em dose única + doxiciclina 100 mg via oral a cada 12 horas por 14 dias + metronidazol 500 mg via oral a cada 12 horas por 14 dias. Na ausência de ceftriaxona, pode ser substituída por cefotaxima.
As parcerias sexuais devem ser convocadas e tratadas para a condição. Todas as pacientes em tratamento ambulatorial devem ser reavaliadas em 72 horas após o início da antibioticoterapia.
As indicações de internação são:
- Suspeita ou comprovação de abscesso tubo-ovariano
- Estado geral grave com náuseas/vômitos ou febre
- Falha do tratamento ambulatorial (72 horas)
- Gestantes
- Intolerância aos antibióticos orais
- Possibilidade de outro diagnóstico (exemplo: apendicite, gestação ectópica, etc.)
O esquema de antibioticoterapia indicado pelo Ministério da Saúde para tratamento hospitalar é ceftriaxona 1g, EV uma vez ao dia por 14 dias + Doxiciclina 100mg, via oral a cada 12 horas, por 14 dias + Metronidazol 400mg, EV a cada 12 horas por 14 dias. Outra opção é Clindamicina 900mg, EV a cada 8 horas por 14 dias + Gentamicina 3-5 mg/kg, EV ou IM uma vez ao dia por 14 dias
Os abscessos tubo-ovarianos são coleções purulentas que podem se formar entre a tuba e o ovário em pacientes com DIP. Nas pacientes com abscessos íntegros, sem sinais de abdome agudo, com coleções que não alcançam o fundo de saco de Douglas tocando a parede vaginal o manejo inicial deve ser clínico. A drenagem dos abscessos estará indicada nas seguintes situações:
- Abdome agudo (rotura)
- Massa que persiste ou aumenta após antibioticoterapia adequada
- Falha do tratamento clínico
- Abscesso que toca parede vaginal (nesse caso a drenagem pode ser realizada por culdocentese sob orientação ultrassonográfica).
REFERÊNCIA
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST. 2022. Disponível em https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-deconteudo/pcdts/2022/ist/pcdt-ist-2022_isbn-1.pdf/view