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Como deve ser feito o tratamento da constipação?
Escrito por
Lygia Lauand
Publicado em
14/3/2023
Uma vez diagnosticada a constipação, é fundamental iniciar o tratamento.
Avaliar se na história existe algum erro alimentar e corrigi-lo de forma a manter o consumo de fibras alimentares e líquidos dentro do adequado para a idade. Estudos mostram que o consumo de fibras e líquidos além do recomendado para a idade não auxilia no tratamento da constipação. Você já viu alguém ter diarreia por consumir muita água? O que acontece é que na população pediátrica o consumo de fibras, e até mesmo de água, é abaixo do recomendado. Portanto, devemos corrigir a alimentação sem levar a excessos: basta consumir o normal recomendado. São exemplos de alimentos ricos em fibras: frutas (com casca, quando possível), grãos, leguminosas, milho, pipoca, farelo de trigo, sementes de linhaça ou chia, uva passa.
Estimular a prática de atividade física também é recomendado, especialmente para os pacientes que não praticam exercícios.
Para as crianças que já evacuam no vaso sanitário é importante orientar sobre a evacuação. Explicar que a criança deve escutar o seu corpo e evacuar quando sentir a vontade, sem perpetuar o comportamento retentivo. É importante que o vaso sanitário seja adaptado para a criança, com um assento redutor e apoio para os pés. Estabelecer uma rotina de sentar no vaso sanitário ao acordar e após as refeições e fazer esforço evacuatório diariamente, sem distrações como celular ou revistas.
Quando há presença de massa fecal no abdome ou no toque retal é necessário realizar a desimpactação do bolo fecal, para então fazer o tratamento de manutenção. A desimpactação pode ser realizada por via retal com enemas ou por via oral, que é a maneira mais recomendada atualmente. Quando realizado por via oral, a medicação de escolha é o polietilenoglicol 3350 ou 4000 na dose de 1 a 1,5 g/kg em uma única tomada ao dia, durante 3 a 6 dias. Seja qual for a sua escolha de desimpactação, é importante observar se o fecaloma foi totalmente eliminado antes de iniciar o tratamento de manutenção.
Para a manutenção, a medicação mais amplamente realizada é o laxativo osmolar, que tem a função de deixar as fezes mais hidratadas e macias. O polietilenoglicol é a medicação de primeira linha, e sua dose é de 0,2 a 0,8 g/kg/dia. Caso não esteja disponível, pode-se usar a lactulose 1 a 2 g/kg/dia ou leite de magnésia 0,4 a 4,8 g/kg/dia. Na indisponibilidade dos anteriores, o óleo mineral pode ser usado em crianças maiores sem comprometimento neurológico e risco de aspiração na dose de 1 a 3 mL/kg/dia. É importante ressaltar que as medicações devem ser realizadas preferencialmente em uma dose única, e sempre no mesmo horário.
A dose ideal do medicamento osmolar é aquela que faz com que o paciente consiga evacuar de maneira adequada sem ter escape fecal. Não é necessário que ele evacue diariamente, mas a evacuação deve ser sem esforço.
O tratamento deve ser mantido por ao menos 2 meses, para então iniciar a redução da dose diária até a suspensão.