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Avaliação fetal após diagnóstico de Artéria Umbilical Única (AUU)
Escrito por
Fabiano Serra
Publicado em
27/1/2025
Introdução A presença de artéria umbilical única (AUU) é uma anomalia comum detectada em exames ultrassonográficos durante a gestação. Pode ser um achado isolado, mas requer uma avaliação fetal cuidadosa devido à sua associação com várias anomalias e complicações obstétricas.
Avaliação para Anomalias Associadas
Ao identificar uma AUU, é essencial realizar uma avaliação ultrassonográfica abrangente do feto, do cordão umbilical e da placenta. Esta avaliação deve focar em detectar anomalias nos sistemas geniturinário, cardíaco, gastrointestinal, musculoesquelético e nervoso central.
O exame ultrassonográfico deve incluir:
- Uma avaliação anatômica detalhada do feto.
- Visualização padrão das quatro câmaras do coração e das grandes artérias.
- Documentação do número, localização e aparência dos rins.
Além disso, deve-se avaliar a placenta e o cordão umbilical, uma vez que inserção velamentosa, cordão anormalmente curto, placenta prévia, nó verdadeiro, placenta circunvalada e infartos placentários são mais comuns com AUU.
Estudos Genéticos Fetais
A taxa de aneuploidia em casos de AUU isolada não parece ser aumentada. Portanto, muitos especialistas não consideram a AUU isolada um fator de alto risco para estudos genéticos fetais invasivos. No entanto, pode-se oferecer testes de triagem não invasivos, como a análise de DNA fetal livre no sangue materno, para detectar trissomias 21, 18 e 13. Se forem observadas anomalias fetais adicionais ou se os testes de triagem indicarem um alto risco, testes diagnósticos invasivos devem ser oferecidos.
Manejo da Gestação
- Monitoramento de Restrição de Crescimento: Não há consenso sobre a triagem ultrassonográfica para restrição de crescimento fetal, uma vez que a AUU não está fortemente associada a essa condição. No entanto, alguns autores sugerem realizar exames ultrassonográficos em 28 e 36 semanas.
- Monitoramento Fetal Anteparto: Em casos de AUU isolada com crescimento fetal normal, testes como o perfil biofísico ou a cardiotocografia geralmente não são recomendados.
- Parto: A presença de AUU por si só não afeta o momento ou a via do parto.
- Cuidados Pediátricos: O pediatra deve ser informado dos achados pré-natais e o recém-nascido deve ser examinado minuciosamente ao nascimento.
Cenários Especiais
- Cordocentese: Estudos sugerem que a cordocentese, quando indicada, é segura em fetos com AUU e anomalias estruturais associadas.
- Diagnóstico no Primeiro Trimestre: Se a AUU for diagnosticada no primeiro trimestre, deve-se avaliar a translucência nucal e a anatomia fetal. Anomalias fetais ou aumento da translucência nucal justificam a oferta de testes genéticos.
A identificação de AUU pode ser um marcador importante que requer uma abordagem multidisciplinar para garantir o manejo adequado e o melhor desfecho possível para a mãe e o feto.