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Amenorreia é a queixa clínica de ausência de menstruação. Do ponto de vista técnico, é dividida em primária e secundária. A amenorreia primária é a falta de fluxo em mulheres que nunca menstruaram. A secundária é a falta do período menstrual em mulheres que previamente menstruavam.
A indicação de investigar amenorreia primária é a partir dos 13 anos, em meninas que não tiveram o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários. Aquelas que tiveram o desenvolvimento desses caracteres devem ser investigadas aos 15 anos. A amenorreia secundária deve ser explorada quando a paciente apresentar a queixa.
As causas de amenorreia secundária são específicas. A principal delas é a gestação. Sempre que uma mulher, em fase reprodutiva, consultar por amenorreia secundária a gravidez deve ser descartada, mesmo que a paciente julgue ser improvável estar grávida. Outros diagnósticos possíveis que apresentam uma prevalência importante são hipotireoidismo e hiperprolactinemia. Portanto, a dosagem de beta-HCG, TSH e prolactina sérica são sugestões importantes na abordagem inicial. Caso nenhum desses diagnósticos seja comprovado, existe uma sugestão de roteiro para investigação iniciando com o teste da progesterona. Trata-se de um teste simples, de baixo custo e facilmente reprodutível em unidades básicas de saúde. O objetivo é avaliar a possibilidade de anovulação como causa de amenorreia. Caso esse diagnóstico não seja realizado, a investigação deve prosseguir com o teste do estrogênio + progesterona. Caso o teste seja negativo infere-se que a causa da amenorreia é anatômica (obstrução do trajeto da menstruação). Caso seja positivo, a investigação de hipogonadismo deverá ser realizada. Se o nível sérico das gonadotrofinas hipofisárias apresentar-se elevado deve-se concluir que a causa da amenorreia é ovariana (se for uma mulher com menos de 40 anos conclui-se que ocorreu uma falência ovariana precoce). Se os níveis de FSH e LH estiverem baixos, a causa da amenorreia é central. Neste caso a amenorreia pode ser causada por alterações na função hipotalâmica como a prática excessiva de exercícios físicos, a anorexia e o estresse.
O tratamento da amenorreia é completamente voltado para a situação específica. Gestantes devem ser encaminhadas para o atendimento pré-natal, pacientes com hipotireoidismo devem ser tratadas com hormônio da tireoide e pacientes hiperprolactinêmicas devem ser investigadas para determinar a causa. Em pacientes com anovulação deve-se investigar a possibilidade da síndrome dos ovários policísticos. Os demais casos devem ser tratados conforme o diagnóstico encontrado.
A amenorreia é uma queixa frequente nos atendimentos ginecológicos em unidades básicas de saúde e a investigação pode ser iniciada pelo clínico que realiza o primeiro atendimento. Nos cenários específicos, em que não é possível aplicar o roteiro para investigação, a paciente pode ser encaminhada para serviço especializado de ginecologia. Todavia, na maioria dos casos, o diagnóstico é uma condição clínica que já pode ser reconhecida na investigação inicial.